Saúde

AGU diz que interferência do STF na vacinação infantil seria 'afronta'

AGU diz que interferência do STF na vacinação infantil seria afronta

Representante do governo federal em ação que pede a inclusão de crianças no Plano Nacional de Imunização (PNI) contra a Covid-19, a Advocacia-Geral da União (AGU) argumentou que uma intervenção do Supremo Tribunal Federal (STF) no caso seria uma "afronta indiscutível ao basilar princípio da separação dos Poderes".

A manifestação foi feita à Corte no âmbito do pedido formulado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM). A entidade acionou o STF após o Ministério da Saúde protelar a vacinação de crianças com o anúncio de uma  consulta pública sobre o assunto.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) mantém discurso contrário à vacinação, especialmente de pessoas nessa faixa etária. Ainda assim, com a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para imunizar crianças de 5 a 11 anos com a vacina da Pfizer/ BioNTech, a aplicação deve começar ainda neste mês. A previsão é de que a primeira remessa de doses chegue ao país nesta quinta-feira (13) .

“O Poder Público brasileiro tem diligenciado ativamente para estabelecer as melhores orientações relativas às condutas médicas, adotando recomendações embasadas por evidências científicas, bem como por diretrizes nacionais e internacionais sobre o cuidado crítico dos pacientes com Covid-19”, defendeu a AGU, em peça assinada pela advogada-geral da União substituta, Izabel Vinchon Nogueira de Andrade.

O órgão disse ainda que a confederação não tem legitimidade para apresentar tal ação contra o governo. “Nota-se, portanto, que os pedidos da arguente carecem de necessidade concreta da tutela jurisdicional pleiteada, o que revela a ausência de interesse processual”, argumentou.

Em manifestação enviada anteriormente, a Procuradoria-Geral da República (PGR) já havia apontado um argumento semelhante, além de dizer que a ação perdeu o objeto, uma vez que o Ministério da Saúde já se posicionou a favor da inclusão de crianças no PNI. No STF, a decisão cabe à ministra Cármen Lúcia, que deverá julgar ainda o pedido de obrigatoriedade da imunização para crianças.